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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Rio de Janeiro - Por: Diego Preve Zanin

Com Sapo Agarras para o Rio de Janeiro - Por: Diego Preve Zanin
Escalar no Rio? Vamobora!!! Acredito que todo ou quase todo escalador que já tenha lido ou saiba um pouco da historia da escalada brasileira sinta vontade de ir escalar no Rio. Pessoalmente, a beleza natural da cidade e aquela infinidade de vias, sem contar o fator histórico, sempre me instigaram. Foi lá que se iniciou a escalada técnica brasileira, sempre que li sobre as conquistas de vias como chaminé stop, secundo, K2 e outras em muitas décadas passadas, eu tentava viajar para essas vias e tentava me colocar naquele tempo. Pergunto-me, quantas gerações de escaladores se inspiraram nessas conquistas e em tantas outras? Não sei ao certo. Sei, que desde que comecei a escalar mais ou menos há um ano e meio essa ideia começou a rodear minha mente. Em setembro do ano passado quando realizei um curso de aperfeiçoamento de técnicas de escalada com Daniel Casas e ele comentou que eu poderia ir escalar no Rio sem grandes problemas, a ideia cresceu e logo depois no festival de escalada de Laguna em outubro, na palestra da Karina Figueiras quando ela lançou a frase “sonhar é bom mas realizar é melhor” tive certeza de que deveria me organizar para essa escalada. Porém a correria do dia-a-dia me impedia de focar nesse projeto. Virou o ano para 2013 e comentando com alguns amigos, começamos a bolar a ideia, até que um dia o Sidnei Machado me liga e diz: Comprei a passagem para o Rio! Como assim meu? É comprei... Vi-me na obrigação de dar um jeito... Fui atrás e também comprei! Comentei com o mestre Sapo e ele também se empolgou e foi atrás... Assim começamos a nossa trip!  Olhando agora, acredito que buscamos seguir os passos que a própria Karina comentou em sua palestra no festival: motivação; meta possível; aprendizado; decisão; planejamento; comprometimento; ousadia; e acima de tudo paixão. Praticamente em cima da hora de ir para o Rio, ficamos sabendo que iria ter o ATM, bem no final de semana que estaríamos escalando lá, o que se tornou uma bela surpresa. Bom, correria vai e correria vem, e chegou dia 25/03. Estávamos no aeroporto de Florianópolis analisando o croqui das vias no guia da Urca emprestado pelo Rian e de tanto fissurados pelas linhas das vias quase perdemos a hora de ir para a sala de embarque! Já no Rio fomos super bem recebidos pelo amigo Pinta, que nos buscou no aeroporto e nos deixou dormir em sua casa. Chegou o outro dia e fomos para Urca, tocamos para a face sul do Pão de Açúcar. Entramos na via Coringas, primeira escalada em rocha gnaise e com corda dupla. Sapo saia guiando, depois o Sidnei entrava na cordada e eu dava uns 5 metros e entrava também. A escalada com corda dupla rendeu bastante e em pouco tempo estávamos na ultima parada da via, curtindo o visual. Tocamos para cima pelo costão realizando uma escalaminhada. Entramos na chamada via do costão, que foi por onde foi realizada a primeira ascensão ao cume do Pão de Açúcar nos anos de 1800 e poucos por uma inglesa, o que gerou uma serie de ascensões em outras montanhas do Rio nos anos seguintes. No meio do costão nos esbarramos com o Dinho, grande figura que nos passou os betas de como chegar ao cume. Um pouco antes do cume chegamos à pedra filosofal, que possui um visual incrível. Chegamos ao cume e fizemos aquela seção clássica de turista tirando uma dezena de fotos. Descemos de bondinho e depois por uma trilha. Nós encontramos com o Pinta que nos levou até a casa do Zamith. Eu pessoalmente estava cansado, o Sidnei no mesmo ritmo e o Sapo super pilhado quis treinar no muro do Zamith! Ficamos lá curtindo as historias das agarras que o Zamith adquiriu mundo a fora e tomando uma cerva para relaxar a musculatura para o outro dia. Dormimos nos colchões do muro mesmo, e no sábado cedo estávamos de pé prontos para encarar a K2 no Corcovado. O Julio Mello e a Patrícia nos pegaram na casa do Zamith e fomos para o Corcovado. Encaramos uma pequena caminhada até a base da K2. Só da base o visual já era apaixonante! A K2 não é uma via tão longa, porém sua base já começa bem alta, acredito que na casa dos 500 metros. Julio e a Patrícia tocaram na frente, eles iam pegar a variante K3.  Sapo entrou logo depois e quando chegou na parada o Sidnei partiu e eu atrás.  Logo nos primeiros lances o bico da sapatilha do Sidnei se rompeu e ele levou uma queda. Gelei e tive dificuldade de passar o lance. Cheguei no lance da transversal da K2, aonde o Sapo não parava de falar sobre a conversa que teve com os cristais para passar guiando. Tocamos logo para cima e atrás de nos vinha uma dupla de suíços. Impressionante como o perfil da via foi mudando, no começo um diedrão lindo, depois começou uma serie de cristais alternados com agarrões e no fim da terceira cordada, cristais em cima de cristais. Via linda, linda via! Cheguei na terceira parada, onde todos me esperavam. Caminhamos poucos minutos por uma pequena trilha e de repente se abre um pasto e a mureta do Cristo congestionada de turistas. Momento hilário pedir licença para pular a mureta. Olho para a direita e vejo o Cristo, momento mágico! Troco algumas palavras com ele em pensamento, e acima de tudo agradeço muito por aquele momento! Para variar, fizemos mais uma seção de turista tirando varias fotos e partimos embora. Naquela noite fomos para o ATM na Urca, aonde tive a oportunidade de ver duas excelentes e palestras. Rafael Nishimura que contou sobre sua historia e de como começou a escalar, emocionante! Depois, Flavio Daflon e Sergio Tartari relataram a nova conquista Brasileira no Fitz Roy. Grandes escaladores! Fomos jantar com o João, Alexandre e sua namorada. Depois, fomos para a academia do Alexandre em Botafogo. Belo muro e ótimos crashpads que foram nossas camas aquela noite. Capotei, com o corpo dolorido. Chegou, domingo e os últimos momentos no Rio guardavam uma ótima surpresa! Fomos para o setor no morro da Babilônia na Urca, aonde eu e o Sidnei entramos na via Luiz Arnold. Entrei guiando, e minha cabeça viajava longe ao longo da guiada. Que momento único, guiadinha na Meca da escalada Brasileira! Cheguei na P1 e o Sidnei veio atrás e seguiu guiando um segundo trecho. Por insistência toquei mais uma pequena cordada e já era 10:30 da manhã! Nosso voo para SC era as 14:30 saímos voando da rocha e partimos correndo pela Urca e por Botafogo para pegar as tralhas e partir para o aeroporto. Infelizmente, não consegui me despedir direito das pessoas e também não consegui curtir o ATM domingo. Mas tudo o que aconteceu ao longo de três dias foi sensacional. Voltei para minha terrinha mais apaixonado ainda por esse esporte que nos leva a superar limites constantemente! Terminei a minha trip domingo a noite quando cheguei em Gaspar e capotei para uma nova semana!

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